O regime democrático vigente no
país depois da Segunda Guerra Mundial (1946) até o Golpe Militar de 1964 desenvolveu
uma política econômica que se tornou conhecida como industrialização por Substituição de Importações – ISI. Baseava-se
na percepção de que os países periféricos precisavam se industrializar para
alcançar o desenvolvimento econômico. As características de tal política e sua
presença na filatelia foram analisadas em artigo anterior deste blog.
Em termos econômicos o Golpe
representou uma continuidade e ao mesmo tempo uma ruptura com a ISI, e a
colocação de novas prioridades. Tais prioridades e linhas de ação
transpareceram no campo filatélico.
A doutrina do novo poder
O poder militar no Brasil não se
caracterizou pelo personalismo – foram as Forças Armadas (e especialmente o
Exército) enquanto instituição que assaltaram a máquina do Estado. Não houve um
Perón brasileiro. À falta de um grande líder, os novos donos do poder para
justificar seu domínio basearam-se em um conjunto de ideias que vinha sendo
desenvolvido desde o final dos anos 1940 e que ficou conhecido como Doutrina de Segurança Nacional.
Esta Doutrina tinha como eixo o
binômio Segurança e Desenvolvimento. O
Brasil deveria permanecer firme dentro do campo do Ocidente, tipo como oposto à
ameaça comunista. E ao mesmo tempo deveria promover seu desenvolvimento. O Desenvolvimento
seria possibilitado pela Segurança e reforçaria a mesma.
O conjunto de selos Exército brasileiro - fator de segurança e
desenvolvimento nacional (08/1969) ilustra o pensamento do poder militar. Os
Correios os lançaram no Dia do Soldado (25 de agosto) em uma conjuntura
política difícil – a Ditadura colocara o Congresso em recesso desde o ano
anterior. A censura à imprensa impedia manifestações da oposição. A hipertensão
arterial acossava o Presidente Marechal Costa e Silva e em poucos dias o
levaria a um acidente vascular cerebral e à saída do poder.
Segurança e Desenvolvimento era a
doutrina e de maneira quase didática um dos selos é dedicado à Segurança e o
outro ao Desenvolvimento. No selo da Segurança é bastante claro quem a proverá –
trata-se do Exército. O selo representa o território nacional metade em verde e
outra em amarelo com um fundo azul – o patriotismo literalmente ocupando o
território, este imerso em uma cor de vibração otimista. E no centro de uma das
metades o símbolo da Força de Terra.
O segundo selo (que representa o
Desenvolvimento) traz uma imagem de uma obra de arte de uma ferrovia e o dístico
Exército Brasileiro – Fator de
Desenvolvimento Nacional. A escolha de uma ferrovia é significativa para a
política econômica e para a geopolítica da Ditadura – pois ela privilegiou a ocupação
do espaço de forma modernizante e conservadora e tendo os transportes como um
dos eixos, como veremos na sequência neste blog.
Bibliografia:
BECKER, Bertha, e EGLER, Claudio. Brasil: uma nova potência
regional na economia-mundo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 267p.
p126-130.
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