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A Ditadura advinda do golpe militar destruiu a estrutura de poder político e econômico anterior – e ao mesmo tempo a conservou em grande parte. Neste artigo veremos a continuidade e a ruptura em ação no campo econômico – e sua repercussão na filatelia.
A Política de Substituição de Importações
Vimos em outro
artigo deste blog as características da estratégia econômica do interregno
democrático de 1946-64, chamada de Política de Substituição de Importações (PSI).
A Ditadura manteve muitas delas - tanto características quanto limitações. Um
dos
dramas da PSI é que ela protegia indústrias de bens de consumo final. Ao
fazê-lo, criava um setor industrial que, embora abastecesse com sucesso o
mercado interno, não conseguia competir com outras empresas lá fora, ou seja,
não conseguia exportar.
Isso gerava o paradoxo de um país
em forte processo de industrialização que exportava fundamentalmente produtos
primários, como se a indústria não existisse. Eram portanto importantes os
esforços para promover a exportação de primários, em especial do café – pois os
primários continuavam a ser o grande meio do país ganhar dólares. O selo Propaganda do Café do Brasil (12/1965)
ilustra essa problemática.
A PSI tinha como uma de suas
tarefas a superação de velhos gargalos que atrapalhavam o crescimento do setor
privado industrial, entre eles o de transportes. Desde o interregno democrático
os Correios emitiram selos celebrando obras que se propunham a superar esses
gargalos. Isso continuou na Ditadura. O selo Inauguração do Novo Terminal de Minério de Turabão/ES (4/1966) marca
o início dessa instalação da então estatal Companhia Vale do Rio Doce,
destinada à exportação de um produto primário e consequente geração de divisas.
Nacionalização da Segurança
A Ditadura rompeu com políticas
anteriores – ela não apenas as manteve. Uma das rupturas consiste no que Cervo
e Bueno denominam Nacionalização da
Segurança – a busca de dominar tecnologias que considerava importantes do ponto de vista
militar.
Um desses ramos foi o da construção
de aeronaves, o qual tivera seu início com a criação ainda em 1951 do Centro
Tecnológico da Aeronáutica – CTA em São José dos Campos. Em 1969 o governo transferiu
a tecnologia do CTA para a Empresa Brasileira de Aeronáutica – Embraer.
O selo Ano da Indústria Aeronáutica - Embraer - Avião Bandeirante (11/1969)
ilustra tal momento. O poder ditatorial decretou até mesmo aquele ano como homenagem
ao setor da indústria, sendo o conhecido avião nacional um dos feitos da área.
A política de nacionalização atingiu
um de seus ápices com o lançamento de um avião militar, fato que é celebrado no
selo 1º Voo do Xavante (9/1971),
coroando o processo de desenvolvimento setorial.
A tecnologia aeronáutica pode ser
considerada um elemento na estratégia geopolítica da ditadura. Outro fator
seria a ocupação do espaço – a ser vista em artigo subsequente.
Bibliografia:
BECKER, Bertha, e EGLER, Claudio. Brasil: uma nova potência
regional na economia-mundo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 267p.
p130-131.
CERVO, Amado Luiz, e BUENO, Clodoaldo. História da política exterior
do Brasil. 3ª ed. ampliada. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008. 559p.
p404-405.
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