Paulo Avelino
Os selos brasileiros a partir de
1955 possibilitam uma visualização da política do Estado no período,
particularmente no que se refere à Economia e à Geopolítica. Em artigos
anteriores, todos presentes neste blog, pudemos ver como as estratégias dos
grupos no aparelho estatal orientaram parte da temática filatélica. A variação
de prioridades, como a ênfase na indústria pesada, ou nas telecomunicações, ou a
necessidade de geração de saldos comerciais pela exportação de produtos
primários, tudo está presente nos selos.
Sem minimizar as diferenças entre
os governos no período 1955 até 1985, pode-se dizer que os selos simbolizaram a
política econômica, e que esta possuía uma orientação em geral desenvolvimentista
e industrializante.
As emissões no período
1985-2010 caracterizaram-se por uma progressiva regr
essão da presença da
política econômica. O período é denominado Nova República. Tal fato ocorreu de
maneira gradual. Nos primeiros anos ainda se podia vislumbrar algo de tal
política, mas trata-se fundamentalmente de lançamentos que comemoravam a
maturação de iniciativas tomadas no período anterior.
A aquisição de um
navio polar dinamarquês em 1982 marcou o início do Programa Antártico
Brasileiro (Proantar). Anunciado com grande ênfase pelo governo de então, tal
programa se estende até hoje. A Nova República em seus inícios celebrou com
vários lançamentos este programa. Veja-se por exemplo o bloco Participação da FAB no Programa Antártico (3/1987).
Interessante notar que tal Programa pertence à Marinha. O selo salienta o
reconhecimento por parte do grupo no Poder da outra força armada que
participava de tal iniciativa, em uma época de regime militar recém-findo.
O selo Proantar Programa Antártico Brasileiro Fauna Antártica (2/1990) marca
uma interessante articulação com uma característica marcante dos selos do
período, que é a intensa presença de lançamentos de temática ecológica, a qual
veremos em artigo subsequente.
A Presença da Indústria Aeronáutica
A Ditadura Militar
estabeleceu uma política de buscar certa autonomia na área da segurança. Isso
se traduziu na criação de tecnologia militar ou civil que estivesse ligada a
fins militares. Durante a Ditadura vários selos haviam assinalado os progressos
da indústria aeronáutica. Isso continuou na Nova República. O selo Indústria Aeronáutica Brasileira –
Turboélice CBA-123, Projeto Binacional Brasil-Argentina (7/1990) celebra um projeto que ainda estava no
nascedouro, e que não foi bem sucedido. Esse avião nunca entrou em fase
comercial, e dele só se construíram dois protótipos. CBA significa Cooperação
Brasil-Argentina.
O Bloco de 10 selos Brasil exporta Aviões (10/2000) também
celebra a indústria aeronáutica, desta vez sua face geradora de divisas
externas.
A Nova República também teve suas
características próprias nos lançamentos filatélicos, das quais trataremos no
artigo seguinte.
Bibliografia:
Embraer/FMA CBA-123 Vector.
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Embraer/FMA_CBA-123_Vector>.
Acesso em 02 mar 2014.
Programa antártico brasileiro.
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/PROANTAR>.
Acesso em 02 mar 2014.
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