segunda-feira, 3 de março de 2014

A diluição da agenda: os selos da Nova República (1985-2010) – I


Paulo Avelino

Os selos brasileiros a partir de 1955 possibilitam uma visualização da política do Estado no período, particularmente no que se refere à Economia e à Geopolítica. Em artigos anteriores, todos presentes neste blog, pudemos ver como as estratégias dos grupos no aparelho estatal orientaram parte da temática filatélica. A variação de prioridades, como a ênfase na indústria pesada, ou nas telecomunicações, ou a necessidade de geração de saldos comerciais pela exportação de produtos primários, tudo está presente nos selos.

Sem minimizar as diferenças entre os governos no período 1955 até 1985, pode-se dizer que os selos simbolizaram a política econômica, e que esta possuía uma orientação em geral desenvolvimentista e industrializante.

O esvaziamento da agenda econômica

As emissões no período 1985-2010 caracterizaram-se por uma progressiva regr
essão da presença da política econômica. O período é denominado Nova República. Tal fato ocorreu de maneira gradual. Nos primeiros anos ainda se podia vislumbrar algo de tal política, mas trata-se fundamentalmente de lançamentos que comemoravam a maturação de iniciativas tomadas no período anterior.

A aquisição de um navio polar dinamarquês em 1982 marcou o início do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Anunciado com grande ênfase pelo governo de então, tal programa se estende até hoje. A Nova República em seus inícios celebrou com vários lançamentos este programa. Veja-se por exemplo o bloco Participação da FAB no Programa Antártico (3/1987). Interessante notar que tal Programa pertence à Marinha. O selo salienta o reconhecimento por parte do grupo no Poder da outra força armada que participava de tal iniciativa, em uma época de regime militar recém-findo.

O selo Proantar Programa Antártico Brasileiro Fauna Antártica (2/1990) marca uma interessante articulação com uma característica marcante dos selos do período, que é a intensa presença de lançamentos de temática ecológica, a qual veremos em artigo subsequente.

A Presença da Indústria Aeronáutica

A Ditadura Militar estabeleceu uma política de buscar certa autonomia na área da segurança. Isso se traduziu na criação de tecnologia militar ou civil que estivesse ligada a fins militares. Durante a Ditadura vários selos haviam assinalado os progressos da indústria aeronáutica. Isso continuou na Nova República. O selo Indústria Aeronáutica Brasileira – Turboélice CBA-123, Projeto Binacional Brasil-Argentina (7/1990) celebra um projeto que ainda estava no nascedouro, e que não foi bem sucedido. Esse avião nunca entrou em fase comercial, e dele só se construíram dois protótipos. CBA significa Cooperação Brasil-Argentina.
O Bloco de 10 selos Brasil exporta Aviões (10/2000) também celebra a indústria aeronáutica, desta vez sua face geradora de divisas externas.


A Nova República também teve suas características próprias nos lançamentos filatélicos, das quais trataremos no artigo seguinte.

Bibliografia:

Embraer/FMA CBA-123 Vector. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Embraer/FMA_CBA-123_Vector>. Acesso em 02 mar 2014.


Programa antártico brasileiro. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/PROANTAR>. Acesso em 02 mar 2014.

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