Athos Camargo
(da Associação
Filatélica e Numismática de Brasília - AFNB)
Em virtude de serem bem comuns ou
bem recentes os colecionadores de cédulas brasileiras estão acostumados a
encontrar e classificar o nosso papel-moeda em apenas dois grupos: cédulas
autografadas e cédulas com microchancelas.
No primeiro caso, após todo o
processo de fabricação, funcionários do órgão responsável pela emissão (mais
comumente da Caixa de Estabilização) assinavam as cédulas uma a uma, ou seja,
autografavam as cédulas. A partir de 1953 e até os dias atuais as cédulas
trazem impressas, em tamanho reduzido, as assinaturas das autoridades
monetárias da época da emissão, daí o termo “microchancela”.
No entanto existe uma terceira
possibilidade, a chancela. Vejam a definição existente à página 12 do catálogo
Cédulas do Brasil de Irlei, Amato e Shütz:
“Chancela: em algumas cédulas do
padrão “Mil Réis”, notadamente nas do Quarto Banco do Brasil, ao invés de
autógrafos, foram elaboradas chancelas das autoridades da Caixa de Amortização
que foram impressas em tamanho natural no anverso das cédulas.”
É fácil identificar a diferença
entre chancelas e autógrafos. Via de regra, nas primeiras é possível
identificar o nome ou parte dele, enquanto nos últimos vê-se letras
incompreensíveis. As chancelas se posicionam em linha reta, ou acima e abaixo
na região central da cédula, ou à esquerda e à direita na parte inferior do
anverso. Outro ponto interessante é que os autógrafos muitas vezes marcavam o
reverso da cédula, por conta da tinta fresca, o que não acontecia com as
chancelas, as quais eram impressas.
A consulta ao catálogo Cédulas do
Brasil aponta 37 cédulas com chancelas.
ordem do catálogo
|
Órgão emissor
|
ordem do catálogo
|
Órgão emissor
|
|||||
1
|
R072b
|
1894
|
Tesouro Nacional
|
20
|
R188
|
1927
|
Caixa de Estabilização
|
|
2
|
R074b
|
1892
|
Tesouro Nacional
|
21
|
R189
|
1927
|
Caixa de Estabilização
|
|
3
|
R110b
|
1930
|
Tesouro Nacional
|
22
|
R190
|
1927
|
Caixa de Estabilização
|
|
4
|
R119b
|
1930
|
Tesouro Nacional
|
23
|
R191
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
5
|
R126b
|
1915
|
Tesouro Nacional
|
24
|
R193b
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
6
|
R141b
|
1929
|
Tesouro Nacional
|
25
|
R194b
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
7
|
R149a
|
1916
|
Tesouro Nacional
|
26
|
R195b
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
8
|
R162b
|
1930
|
Tesouro Nacional
|
27
|
R196
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
9
|
R163a
|
1931
|
Tesouro Nacional
|
28
|
R197a
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
10
|
R178
|
1926
|
Caixa de Estabilização
|
29
|
R198
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
11
|
R179
|
1926
|
Caixa de Estabilização
|
30
|
R199
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
12
|
R180
|
1926
|
Caixa de Estabilização
|
31
|
R200
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
13
|
R181
|
1926
|
Caixa de Estabilização
|
32
|
R201
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
14
|
R182
|
1926
|
Caixa de Estabilização
|
33
|
R202
|
1923
|
Banco do Brasil
|
|
15
|
R183
|
1926
|
Caixa de Estabilização
|
34
|
R203a
|
1930
|
Banco do Brasil
|
|
16
|
R184
|
1927
|
Caixa de Estabilização
|
35
|
R204a
|
1930
|
Banco do Brasil
|
|
17
|
R185
|
1927
|
Caixa de Estabilização
|
36
|
R205a
|
1930
|
Banco do Brasil
|
|
18
|
R186
|
1927
|
Caixa de Estabilização
|
37
|
R206
|
1930
|
Banco do Brasil
|
|
19
|
R187
|
1927
|
Caixa de Estabilização
|
Alguns exemplos:
R 072b
Antônio Arnaldo Vieira da Costa –
Tesoureiro da Caixa de Amortização
R 193b
Ildefonso Simões Lopes – Diretor da
Carteira de Agências do Banco do Brasil
R 184
Francisco de Carvalho Soares
Brandão Filho - Diretor da Caixa de
Amortização
R205a
Augusto Mário
Caldeira Brandt – Presidente do Banco do Brasil
Em face do exposto, parece justo
propor que os catálogos de cédulas brasileiras dispensassem às chancelas
(nessas poucas 37 cédulas) o mesmo tratamento que recebem as microchancelas,
identificando as autoridades monetárias e, nos casos em que uma mesma cédula
apareça com diferentes chancelas, que lhe sejam atribuídos diferentes códigos
de catálogo conforme o conjunto de assinaturas impressas.
Brasília, julho de 2017
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