Na última quinta-feira (12), estivemos presentes a uma interessante exposição de peças filatélicas promovida dentro do Hospital Geral Militar de Fortaleza (HGEF), pelo filatelista e entusiasta da história militar, o Sr. Major Carlos Macedo que, gentilmente, nos recebeu para uma visita guiada no hall daquela nobre instituição.
Além de sair de lá conhecendo uma
parte pouco divulgada da nossa história, também aproveitamos para trazer para
os nossos leitores algumas curiosidades sobre a exposição. Seguem alguns
trechos da agradável entrevista/bate-papo com o Major Carlos Macedo acerca da
Exposição Filatélica “8 de maio, Dia da Vitória” ocorrida entre os dias 9 a 13
de maio últimos.
VP – Major, gostaria de conhecer mais a respeito dessa exposição. Peço que o Sr. se apresente, nos conte como surgiu a ideia da exposição sobre o Dia da Vitória e quando foi a primeira edição.
CM – Eu sou o Major
Macedo, sou oficial dentista do Exército. Atualmente, estou na função de Chefe
da Comunicação Social aqui do Hospital Geral de Fortaleza (Hospital Militar).
Eu comecei a colecionar ainda
quando criança, quando morava no Rio de Janeiro, parei quando me mudei [com a
família] aqui para Fortaleza em 1983. Aqui não tinha tanta facilidade para
aquisição de selos como tinha no Rio de Janeiro que, na época, no Rio de
Janeiro nas bancas de revista a gente achava as séries para a gente comprar. Eu
comecei quando criança, estimulado justamente pelas propagandas que tinham dos
Correios, que estimulavam (na televisão, nas propagandas) a gente a colecionar
selo.
E essa exposição, a primeira vez que eu participei dela, foi no ano de 2007 em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Seria no então Hospital de Guarnição de Santa Maria. Um amigo meu, Cel. Rosalvo, era filatelista mais experiente do que eu. Bem, em Santa Maria encontrei esse meu amigo e ele propôs a gente fazer uma exposição. Ele já possuía todos os selos brasileiros referentes à Força Expedicionária do Brasil na Segunda Guerra Mundial e pediu o meu apoio porque eu trabalhava muito bem essa parte de montar banners, essa parte de computação. Ele queria que eu o ajudasse nisso daí. E eu, como antigo filatelista, voltei a me empolgar com isso e encontrei na internet uma facilidade agora para voltar à aquisição de selos.
Em 2008, eu
fui transferido [a trabalho] aqui para Fortaleza e alguns anos depois eu tive a
ideia de refazer essa exposição que o meu amigo havia feito em Santa Maria. Eu
já tinha adquirido todos os selos brasileiros referentes à Segunda Guerra
Mundial, tal e qual ele fez. Continuei estudando bastante sobre o assunto e,
interessado nesse fato, “Participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial” e na
Segunda Guerra Mundial em si, eu comecei a adquirir selos estrangeiros com essa
temática também, referentes ao Dia D, que é o Dia do Desembarque na Normandia;
ao V-E Day, que é o Dia da Vitória na Europa; e, com a temática dos generais
comandantes da Segunda Guerra Mundial, General Patton, Montgomery, o próprio
Marechal Mascarenhas, o Mark Clark (que foi comandante do V Exército [Americano],
ao qual o Brasil também foi incorporado). E a coleção foi crescendo ano a ano
e, hoje, a nossa exposição está aqui razoavelmente diversificada, e a gente
gosta sempre de passar essas informações, estimular a coleção de selos porque
colecionar selos é preservar a História. Eu gosto muito de estimular, muitos
[visitantes] que vêm aqui não sabiam que é tão interessante colecionar selos,
desperta isso nas pessoas.
E outra coisa que eu gosto de fazer também é divulgar a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, porque é muito pouco divulgado nos livros de História, são assuntos que passam batido, e têm fatos realmente bastante interessantes, né? Teve a sua relevância no teatro de operações da Itália onde nós estivemos. Houve, por exemplo, batalhas onde o Brasil saiu com outras forças aliadas no combate, como americanos e sul-africanos, que foi a Batalha do Montese, por exemplo. Eles não conseguiram seguir em frente, tiveram que retrair e quem chegou até o final da batalha e conseguiu expulsar os alemães da cidade foi a nossa divisão do Exército Brasileiro. E assim, cercamos a divisão alemã em fuga, na cidade de Fornovo [Itália], capturamos a divisão inteira. Foi a única vez em toda a Segunda Guerra Mundial que uma divisão inimiga inteira foi capturada. Foram mais de 14 mil prisioneiros feitos nessa batalha. Então, têm diversos outros pontos curiosos e interessantes sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra que eu aproveito para divulgar junto com essa exposição filatélica.
VP – Eu pude observar aqui na visita, em que o Sr. me apresentou algumas peças, que nós temos banners, envelopes, cartões postais. Eu queria que o Sr. falasse um pouco do acervo que está exposto hoje e também a respeito de alguns materiais audiovisuais que o Sr. está disponibilizando aqui no espaço da exposição, se for possível.
CM – Perfeitamente. A
primeira parte que eu exponho aqui, que eu acho que é o mais importante, são os
nossos selos brasileiros referentes à Segunda Guerra Mundial e a participação
do Brasil. Eu separei por temas aqui nos expositores que os Correios tão
gentilmente nos cederam. Então, numa face nós temos os selos do Brasil
referentes à Segunda Guerra Mundial, inclusive com a folhinha que foi lançada
referente ao Dia da Vitória, uma folhinha heptaglota, está em sete idiomas.
Aqui eu tenho ela em russo e em português. Noutra face do nosso expositor, eu
tenho selos referentes aos grandes comandantes da Segunda Guerra Mundial, como
mencionei antes, General Patton, Montgomery, De Gaulle, o Mark Clark, "Ike" Eisenhower, o
Mascarenhas de Moraes.
Outra parte, eu tenho alusiva à
Segunda Guerra propriamente dita, onde recentemente eu observei a história do
V-mail, né? O correio americano, pra levar a correspondência dos soldados
americanos para as famílias, eles fotografavam em microfilme, né? Que seria
muito mais compacto que as grandes bagagens de correspondência. Levavam para os
Estados Unidos, e lá revelavam e entregavam a carta então revelada para os
parentes. Outra face são selos relacionados comemorativos ao dia do desembarque
da Normandia, ao Dia D. Temos mais uma face aqui com selos estrangeiros também
comemorativos do V-E Day, o Dia da Vitória na Europa. E por fim, eu tenho exposto
ali uma série de selos, onde eles possuem o Mapa Mundi, narrando ou descrevendo,
ano a ano, a trajetória da Guerra no mundo, de 1941 até 1945.
Dispomos aqui também de banners, que eles expõem justamente fatos sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra, desde o porquê que nós entramos. Mostrando os 35 navios brasileiros que foram torpedeados, com mais de mil pessoas que morreram nestes torpedeamentos. Contando desde a formação da nossa Força Expedicionária, as principais batalhas, a linha de comando que existia, algumas curiosidades e fatos pitorescos que ocorreram também. Temos um outro banner demonstrando todo o armamento que o Exército adquiriu quando entrou na guerra, que houve a modernização também do Exército Brasileiro. Antes adotávamos a doutrina francesa, passamos a adotar a doutrina divisionária americana e também modernizamos nossos equipamentos, demonstrado nesse banner.
E para enriquecer um pouco
mais também, exposto aqui no nosso hall onde tem os expositores dos selos, a
gente tem uma TV passando sequencialmente alguns documentários sobre o Brasil
na Segunda Guerra Mundial.
VP – Para finalizar, quantas
vezes essa exposição já aconteceu aqui em Fortaleza, quantas peças filatélicas
o Sr. acredita que possui e, de todo o material que o Sr. reuniu até hoje, qual
seria a sua peça favorita?
CM - Olha, essa é a quarta
vez que nós estamos expondo aqui em Fortaleza. Quantas peças filatélicas, eu
realmente não sei precisar a quantidade, a quantidade é grande! As que eu
considero mais importantes e mais bonitas são as que estão expostas aqui. E a
peça que eu mais gosto é a que é autografada pelo presidente da Agência Central
dos Correios do Brasil, que foi a série da Vitória lançada em 8 de maio de 45,
justamente aquela peça com a folhinha heptaglota, em sete idiomas. Essa é a
peça que eu acho mais importante.
Encerramos agradecendo a atenção e disponibilidade do nosso entrevistado por nos ceder essa entrevista de última hora e também às imagens cedidas para ilustrar a postagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário