Amiga Julia: estarei indo a Fortaleza dia 15 de fevereiro e estarei na feirinha dia 17 domingo, se puder avise aos amigos da sociedade. Grato, Salmito
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
FRANCISCO FELIZOLA SALMITO SALMITO escreveu:
FRANCISCO FELIZOLA SALMITO SALMITO escreveu:
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Selos como sintoma: o período da substituição de
importações (1955-64)
Selos como sintoma
Os selos interessam enquanto
documentos [ou monumentos] de uma época. Dito de maneira mais dramática, enquanto
sintomas. Um dos casos mais interessantes é o das emissões postais que
possibilitam perceber uma política econômica de vários governos brasileiros, dos
anos 1940 a 1960.
Mudanças na economia a partir de 1929
Até a crise de 1929 o país podia
ser visto como uma grande fazenda de três ou quatro produtos tropicais
(principalmente o café) com alguns pontos urbanos frouxamente interligados e uma
indústria fragílima. A depressão econômica dos anos 1930 e a guerra subsequente
forçaram mudanças. (Celso Furtado descreveu esse período na Formação Econômica do Brasil.)
A chamada Política de Substituição de Importações marcou o período econômico
das décadas subsequentes. Ela resultou da própria mudança internacional (com a
crise e a guerra); da alteração na demografia interna (com o aumento nas
migrações dentro do país); do apoio dos EUA (interessados em conter o Comunismo);
e de fatores ideológicos, como a teoria do argentino Raul Prebisch, a qual
dizia, contrariamente ao que era consensual antes, que a especialização em
produtos agrícolas só prejudicava um país.
Problemas da industrialização
Industrializar-se era preciso,
portanto. Produzir internamente brinquedos, carros e camisas, tudo o que era
então importado e pago com café. Mas havia problemas. Destes, focaremos cinco:
a) máquinas
precisam de energia elétrica confiável, sem apagões constantes. Isso não havia;
b) fábricas
precisam de matéria-prima e escoar sua produção. Para isso era necessário transporte;
c) indústrias
precisam de insumos, como combustível, cuja fabricação exigia pesados
investimentos;
d) para
investir na indústria, era necessário capital, o que era pouco. Os
contribuintes, através do governo, tiveram (em grande parte) de investir na
indústria;
e) para
haver indústria nacional era necessário protegê-la da competição externa. Mas a
indústria assim protegida se voltava para o mercado interno. Pouco exportava. O
país, embora se industrializando, continuava a depender de produtos tropicais
de exportação.
A Política de Substituição de Importações (PSI) nos selos - Energia
O primeiro selo brasileiro a constituir sinal
da PSI foi o da Inauguração da Usina
Hidrelétrica de Paulo Afonso (01/1955). Isso foi coerente com as conclusões
da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos,
um grupo de trabalho reunido anos antes que concluiu pela desesperada carência
energética do país. Celso Furtado foi um dos corifeus da PSI. Ele em entrevista
anos depois afirmou que o Nordeste era tão pobre de energia que Fortaleza tinha
uma usina a óleo que vivia apagando (Revista Playboy, abril de 1999). Paulo
Afonso contribuiu para minorar esse problema nordestino.
Transportes
Dois selos marcaram os esforços
para superar o estrangulamento nos transportes. A Sanção da Lei de Recuperação da Marinha Mercante Brasileira (08/1958) e a Lei 3421/58 do Fundo Portuário Nacional (07/1959) referem-se ao
transporte marítimo, nomeadamente no governo Juscelino, que, à semelhança dos
anteriores, também aplicou a PSI.
Indústrias precisam de
combustíveis e de aço, e entre os selos que comemoraram o esforço para produzir
domesticamente esses insumos então importados destacamos o Primeira “Corrida-do-Ferro” da Usiminas (10/1962), já no governo
João Goulart, e o 5º Aniversário da Lei
da Petrobrás (10/1958), este último ostentando não só a face de Getúlio
(que assinou a criação da empresa) mas também uma eufórica mão suja de óleo.
Capital
Uma das conclusões da citada Comissão Mista, a da falta de capital para investir, levou à criação de um banco que tinha por objetivo fornecer tal capital, o BNDE. O selo 10º Aniversário do Banco Nacional do Desenvolvimento (11/1962) celebrou a instituição, a qual nos anos 80 mudou a sigla para BNDES, acrescentando a palavra “Social”.
Exportações
Dois selos assinalaram as tentativas de resolver os problemas cambiais, ou seja, de excesso de importações sobre exportações. O selo do Convênio Internacional do Café (01/1961) marcou tal acordo, o qual estabeleceu cotas de produção e exportação para os países produtores para evitar que o preço de tal produto despencasse pelo excesso de competição. A indústria, mesmo crescente, não tinha condições de competir por mercados na Europa e nos EUA. Assim restava ganhar dólares exportando o tradicionalíssimo café. E também buscar mercados novos, como os países então recém-independentes da África. Em tal esforço se insere o selo Visita do Ministro do exterior Afonso Arinos à África (04/1961), um périplo pioneiro.
Conclusão
Os selos brasileiros da época documentaram o esforço de mudança do padrão econômico do país, visando a uma maior presença da indústria. E confirmam mais uma vez que os selos constituem uma forma de estudar uma época.
Bibliografia:
Gremaud, Toneto Jr. e Vasconcellos. Processo de Substituição de Importações. Disponível em <http://www.ufrgs.br/decon/VIRTUAIS/eco02209b/pasta/artigos/Importacoes.pdf>. Acesso em 12 fev 2013.
Plano de Metas. Disponível em <http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/plano-de-metas>. Acesso em 12 fev 2013.
Comissão Mista Brasil-Estados Unidos. Disponível em < http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/ComissaoMista > . Acesso em 12 fev 2013.
domingo, 3 de fevereiro de 2013
As Razões do Cobre – moedas no fim do século XVII
Paulo Avelino
paemail-snfce@yahoo.com.br
Uma moeda de cobre de 1699
Uma moeda de cobre abre a minha pequena coleção – é a mais antiga
datada que possuo. A moeda de XX réis de 1699 tem sua beleza: letra monetária
de quatro letras P envoltas em quatro crescentes, a inscrição Moderato
Splendeat Usu (Brilhará com usos moderado) e na outra face a informação do soberano,
PETRUS II D.G. PORTVG. R.DAETHIOP (Pedro II pela graça de Deus Rei de Portugal
e da Etiópia).
O passado [dizem] é um país
que não existe. Ou, se existe, ao menos é distante. Os selos e moedas diminuem
[podem diminuir] essa distância que se metamorfoseia em estranheza.
O bimetalismo
Voltemos a um tempo em que as
cédulas quase não existiam. Existiam quase que só as moedas. Essas tinham um
valor intrínseco, ou seja, o metal do qual eram feitas tinha valor. E também [é
claro] possuíam um valor extrínseco, ou seja, o seu valor de face. No caso da
minha moeda, XX réis. A quantidade de dinheiro em um país dependia portanto da
quantidade de metal precioso que nele havia.
Por metal precioso entenda-se
quase que sempre ouro e prata. Daí bimetalismo.
Tal sistema gerava problemas
muitos. Os reis tinham a trabalhosíssima
tarefa de regular o valor intrínseco e o valor extrínseco. Senão:
·
se o valor do metal se tornasse maior que o valor
de face da moeda, as pessoas simplesmente fundiriam a moeda para vender o
metal;
·
se o valor de face fosse muito maior que o valor
do metal, havia um enorme estímulo à falsificação (lembremos que estávamos em
um tempo sem polícia organizada, nem fichários computadorizados com informações
sobre todos os cidadãos, nem análises informatizadas da composição metálica de
uma moeda).
O bimetalismo armou uma bomba-relógio
monetária, pois a moeda, fator essencial à circulação econômica, nesse sistema
dependia de fatores fora de muito controle, como os fluxos de metal em relação
ao exterior, e, pior ainda, a descoberta de minas, as quais, na Europa,
caminhavam para o esgotamento. E as economias cresciam, reclamando mais moedas.
As queixas de falta de dinheiro se generalizavam.
Os reis de Espanha (com a prata
de Potosí) e de Portugal (com o ouro das Minas Gerais) soltaram foguetes com a
descoberta desses metais, já sabemos o porquê. Se não usaram esses metais para
desenvolver seus países, é história outra.
Brasil – uma economia (quase) sem moeda
Todos sabemos que a economia brasileira
nos primeiros séculos dependia da escravidão. O trabalho escravo é gratuito.
Não precisando ser pago, não necessita de dinheiro. Assim, a economia
funcionava com bem pouca necessidade de dinheiro. É um fato bem estabelecido
pelos clássicos como o justamente festejado Celso Furtado, na Formação Econômica do Brasil.
No entanto, mesmo precisando de
pouco dinheiro, ainda precisava de dinheiro. E na medida em que a economia
cresceu no século XVII, as queixas de falta de moeda detonaram por toda a
colônia.
A economia europeia se contraiu
em forte recessão entre 1670 e 1680, o que não deixou de afetar o mercado do
açúcar, o principal produto da Colônia. O fluxo de metais, ou seja, a entrada
de ouro e principalmente de prata, da qual há indícios até aquele momento que
fosse positiva,
tornou-se negativa – saía mais que entrava. Isso porque os comerciantes
portugueses, que traziam produtos europeus para vender aqui, e que antes
compravam açúcar e fumo para revender na Europa, passaram a preferir levar
moedas daqui – era mais seguro diante de um mercado instável. E, lembremos, não
havia Casa da Moeda aqui. Moedas eram literalmente artigos de importação.
Aumentou a grita por moeda, na
segunda metade do século XVI, em toda a Colônia.
O Levantamento não solucionou
Os reis podiam determinar que uma
moeda fosse recarimbada e passasse a valer o valor nominal aumentado. Isso elevava
como mágica a quantidade de moeda em circulação e, se o carimbo valesse só em
um lugar específico, como a Colônia, haveria estímulo para manter a moeda no
lugar. As Câmaras Municipais berraram por todas as últimas décadas do século
XVII para que o Rei o fizesse. Algumas perderam a paciência de esperar e o
fizeram por conta própria. O Rei acabou autorizando um levantamento de dez por
cento, bem menor que o reivindicado.
O Levantamento só resolvia a
curto prazo. Com o tempo os preços subiam e a moeda escasseava de novo.
O Cobre, moeda de pobre
A maior parte da população só via
em toda sua vida as moedas de cobre. Faziam os pequenos pagamentos, os trocos e
as esmolas. Também havia na Colônia grande falta delas, agravada pelo fato de
que:
·
não se produzia cobre em Portugal; ele era
importado da Alemanha e da Inglaterra (ver artigo sobre moedas de cobre no
Reinado de Dom Pedro I, neste blogue);
·
o cobre tinha grande utilidade além de fazer
moedas; numa época de navios de madeira corroídos por crustáceos, o cobre
protegia os cascos dos navios; e os artefatos metálicos dos engenhos de açúcar,
como os panelões, eram de cobre. A produção de açúcar se recuperou um pouco na década
de 1690, o que gerou maior pressão ainda sobre o cobre para moedas.
Por que e como veio a moeda de 1699
Depois de muita pressão, o Rei Pedro
II autorizou a cunhagem de moedas de ouro e prata na Colônia. Quanto ao cobre,
nada disse. A maior circulação de moedas de maior valor puxou mais ainda a
demanda por moedas de menor valor e a solução veio de que, entre 1693 e 1699 a
Casa da Moeda do Porto cunhara moedas para Angola.
Estas se revelaram muito mais que o necessário na colônia africana, e, pela Carta
Régia de 10 de fevereiro de 1704 El-Rey as mandou circular no Brasil. Muito
tempo depois um alvará de 1809 determinou um carimbo de um escudete nas moedas para duplicar seu valor, mas
essa já é outra história.
Moedas falam, ou quase.
Lima, Fernando Carlos G. de Cerqueira. Uma
Análise Crítica da Literatura Sobre a Oferta e a Circulação de Moeda Metálica
no Brasil nos Séculos XVI e XVII. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ee/v35n1/v35n1a06.pdf>.
Acesso em 03 fev. 2013.
Idem, ibidem.
Coelho, Rafael da Silva Coelho. Moeda e antigo sistema colonial no Brasil: final
do século XVII. Disponível em <http://www.cihe.fflch.usp.br/sites/cihe.fflch.usp.br/files/Rafael_Silva_Coelho.pdf>.
Acesso em 03 fev. 2013.
Serrano Neto, José. Moedas Brasileiras da Colônia. Disponível em <http://www.snb.org.br/boletins/pdf/54%20-%20Moedas%20Brasileiras%20da%20Col%C3%B4nia.pdf>.
Acesso em 03 fev. 2013.
AMATO, Cláudio, et alii. Livro das Moedas do Brasil: 1643 até 2012. 13ª ed. São
Paulo: ed. dos autores, 2012.432p. p218-219.
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Venda sob oferta (leilão)
Dia 03/02 (domingo), na Cidade da Criança a partir das 9 da manhã, serão realizadas as vendas sob oferta (leilão) do mês.
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