Paulo Avelino
paemail-snfce@yahoo.com.br
A Visão Geopolítica do Regime
Militar influiu na Filatelia. Neste artigo enfocaremos a presença nos selos de
dois aspectos de tal visão: a integração nacional e a ênfase nas comunicações.
Integrar para Não
Entregar

O Regime Militar recolocou a
ideia da integração nacional como projeto básico – a qual passava pela ordenação
e ocupação do território, tidas como necessárias para a proteção da integridade
nacional.
O selo Transamazônica (7/1971) comemorou a
mais visível de todas essas políticas. A controvertida rodovia simbolizou uma
modificação do padrão geopolítico do Estado. Nos anos 1940 e 1950 consolidou-se
a noção do Nordeste como região-problema, o que culminou com a criação da
Sudene em 1959. O regime militar virou esta ênfase para a Região Norte. O
próprio traçado da estrada simboliza a mudança.

O Regime estabeleceu uma região privilegiada de isenções tributárias em torno da capital do Amazonas com o objetivo de incentivar uma industrialização avançada em polo distante do eixo industrial do país. O selo
Criação da Zona Franca de Manaus (3/1968) marcou esta iniciativa governamental.

Uma ideia surgida na Escola de Comando e Estado-Maior
do Exército em 1966 deu origem no ano seguinte à iniciativa de transportar
estudantes e professores do Sudeste para Rondônia. Com o lema de
Integrar para não Entregar o Projeto
Rondon deixou claros seus pressupostos geopolíticos. Envolvendo milhares de
universitários, que eram anualmente enviados para regiões consideradas
carentes, o Projeto foi celebrado pelo Regime no selo
Projeto Rondon (5/1970).
Ênfase nas
Comunicações
A centralização do controle das comunicação começou
antes do Regime Militar. Nos anos 1950, serviços como os de telefone, telex e
telegramas se encontravam dispersos em empresas frequentemente estrangeiras e
acusadas de não prover bom serviço. Quanto ao rádio, sempre foi objeto de
preocupação militar, desde 1931, com a criação da Comissão Técnica de Rádio com
maioria militar. Em 1962 o governo Jango promulga o Código Brasileiro de
Telecomunicações, até hoje vigente, unificando a regulamentação do setor.
O Regime Militar considerou
as comunicações como parte de seu programa de organização do território. Um
passo decisivo foi a Criação do
Ministério das Comunicações (6/1967), celebrada em selo, que subsituiu o
antigo Conselho de Comunicações janguista por um órgão com mais poderes.

O Governo precisava gerenciar o processo de
federalização das velhas concessões de serviços telefônico e para gerenciar
isso foi criada um nova empresa, a Embratel, a qual logo principiou a
estabelecer linhas objetivando uma unificação comunicacional do território. O
selo
Estação terrena da Embratel para comunicações
por satélite (2/1969) marca tal política.
Conclusão
A Ditadura Militar brasileira utilizou os selos postais
como elemento legitimador de suas políticas, fazendo da filatelia um meio
privilegiado de se conhecer tal época.
Bibliografia:
BECKER, Bertha, e STENNER,
Claudio. Um
Futuro para a Amazônia. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. 150p. (Série Inventando
o Futuro). pp. 22-24.
MORAES, Antônio Carlos Robert. Território e História
no Brasil. 3ª ed. São Paulo: Annablume, 2008. 154p. pp. 100-101.
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