paemail-snfce@yahoo.com.br
Neste último artigo desta série
sobre os reflexos da economia e da geopolítica da Ditadura Militar nas emissões
filatélicas, enfocamos agora o período de sua decadência, o longo governo do General
Figueiredo (1979-1985).
Caracterizou-se por sua instabilidade
macroeconômica, ou seja, pela subida acentuada dos níveis de preços e pela
flutuação na taxa de crescimento econômico. E nele surgiram resultados de
políticas do governo anterior, do General Geisel.
O Japão obviamente não tem muito
terreno para exploração agrícola. Para produzir proteína animal para sua
população se alimentar, ou seja, para criar galinhas e gado, dependia da soja
importada dos Estados Unidos e das anchovas pescadas ao largo da costa do Peru.
Em meados dos anos 70 um fenômeno climático ligado ao El Niño (além da pesca predatória) diminuiu muito a pesca do peixe.
Ao mesmo tempo, afetados pelo aumento nos preços do petróleo, os EUA
incentivaram a produção de biocombustível para uso próprio e impuseram embargo
às suas exportações de soja.
Sem saída, os japoneses se
voltaram para o Brasil, e especificamente para o Cerrado brasileiro, até então
relativamente pouco tocado. Ofereceram financiamentos não só para o plantio
como para as pesquisas da Embrapa, para desenvolvimento de cultivares mais
adaptados ao clima quente. O Presidente Geisel visitou o Japão durante as
negociações.
A filatelia nacional marcou o esforço
da Embrapa com o selo Soja Tropical
(4/1983), dentro da série de três selos Conquistas
da Pesquisa Agropecuária Brasileira.
Prioridade para a Agricultura
Logo em agosto
de 1979 o ex-Ministro da Fazenda Delfim Netto voltou ao cargo, substituindo
Mário Henrique Simonsen. O novo ministro estabeleceu a Prioridade para a
Agricultura, tornada ponto focal da política do governo.
A série de três
selos Desenvolvimento Agrícola (1/1981)
mostra bem o que o governo desejava: Produtividade,
Mercado Interno e Mercado Externo. Objetivos
ambiciosos, que deixavam claro que, para os donos do poder, a produção agrícola
aumentada poderia contribuir para reduzir a inflação (considerável) e para a melhora
da situação do balanço de pagamentos (que se deteriorava).
Conclusão Geral
Com este
terminamos uma série de cinco artigos sobre as repercussões das políticas da
Ditadura Militar nos lançamentos de selos. Uma característica interessante é a
transparência. Ou seja, é possível ter uma ideia das políticas de Estado
analisando-se as emissões filatélicas no período.
O caráter
validador e propagandístico de várias das emissões surge em seus temas: havia
um esforço de passar uma ideia de legitimidade a um regime que se baseava, em
última análise, em uma ilegalidade: a deposição de um Presidente.
As flutuações e
mudanças de enfoque da política econômica, assim como os impactos internos de
grandes acontecimentos globais, especificamente a Crise do Petróleo, podem ser
lidas dentro da filatelia da época.
Os selos
ilustram admiravelmente este período da História Nacional.
Bibliografia:
A agricultura familiar da soja
na região sul e o monocultivo no Maranhão. Disponível em < http://www.fase.org.br/v2/admin/anexos/acervo/5_soja_regiao_sul_e_maranhao.pdf>.
Acesso em 01 fev 2014.
FONSECA, Pedro
Cezar Dutra e MOREIRA, Cássio Silva. O projeto do Governo Goulart e o II
PND: um cotejo. Disponível em <http://www.ufrgs.br/decon/TD10_fonseca_moreira.pdf>.
Acesso em 01 fev 2014.
O governo Figueiredo: o fim do desenvolvimentismo “à
brasileira”. Disponível em <http://www.centrocelsofurtado.org.br/arquivos/image/201109011001560.MD4_0_179.pdf>.
Acesso em 01 fev 2014.
Gostei muito do documentário sobre a moeda italiana dos tempos do Rei e Imperador
ResponderExcluirVittorio Emmanuelle III - e dos acontecimentos daquela época. Muito importante para os estudiosos do assunto. Parabéns.
Vittorio Esposito/Ubá(MG)