Artigo de Carlos Alberto Tavares Coutinho
A 25 de fevereiro de 1901 um decreto legislativo do governo Campos Sales incorporava o território contestado ao estado do Pará. Mas desde 21 de janeiro o governador Pais de Carvalho decretaria a incorporação ao Estado, do território que se achava em litígio. Para o território, que recebeu o nome de Aricari, foi enviado Egidio Leão de Sales, que em fevereiro vai ao Calçoene, onde as bandeiras estrangeiras são arriadas.
A 25 de fevereiro de 1901 um decreto legislativo do governo Campos Sales incorporava o território contestado ao estado do Pará. Mas desde 21 de janeiro o governador Pais de Carvalho decretaria a incorporação ao Estado, do território que se achava em litígio. Para o território, que recebeu o nome de Aricari, foi enviado Egidio Leão de Sales, que em fevereiro vai ao Calçoene, onde as bandeiras estrangeiras são arriadas.
Fixada a fronteira
entre o Brasil e a Guiana Inglesa em junho, mais uma vez parte do pretendido
território da república (que iria até o rio Negro) foi definido como
brasileiro.
Preocupado com a colonização da
região, o governo do Pará, com o aval do governo brasileiro, nomeou um Conselho
de Intendência, que passou a vigorar a partir do dia 30 de abril de 1902. Para
isso, foram escolhidos o capitão Amaro Brasilino de Farias (presidente do
Conselho) e os membros Joaquim Félix Belfort, Daniel Ferreira dos Santos e
Manoel Agostinho Batista, que assumiram seus cargos respectivos no dia 15 de
maio.
Em maio de 1902, Adolphe Brézet,
tentando restaurar a República de Gross, começou a encaminhar ofícios à região
de Counani, comunicando uma nova proclamação, e as nomeações de Félix Antonio
de Souza, Antonio Napoleão da Costa e João Lopes Pereira para seu ministério.
O plano de Brézet foi
imediatamente denunciado por Daniel Ferreira dos Santos ao intendente Brasilino,
que baseado em farta documentação, escreveu imediatamente ao coronel João
Franklin Távora que a essas alturas se encontrava em Belém. Este levou o
incidente imediatamente ao conhecimento do Governo do Pará que, em seguida,
instruiu o primeiro prefeito de Belém, Henrique Lopes de Barros, para ir
pessoalmente, acompanhado de uma força policial de 33 praças, comandadas por um
oficial, para proceder as sindicâncias necessárias.
Ao desembarcar no município de
Amapá, em julho de 1902, o prefeito tratou logo de prender os ministros de
Brezet que estavam reunidos na residência de Antonio Napoleão, um deles. Ali
foram encontrados vários exemplares em português e francês, de propaganda e
legislação da nova República de Brezet. Colocando um policiamento ostensivo em
todo o município, e com a ajuda da própria população, Henrique Barros se
dirigiu em seguida à vila de Counani, e conseguiu a prisão de mais dois
envolvidos: José da Luz e Raimundo Rodrigues Brasil.
Todos foram encaminhados à
Comarca de Aricari, na sede municipal (Amapá), e colocados à disposição da
Justiça. Os inquéritos duraram 15 dias. Após sua conclusão, os revoltosos
receberam umas lições de civismo, e em seguida foram colocados em liberdade.
Quanto a Brezet, ele resolveu
ficar mesmo em Paris, caladinho, em recolhimento. Brézet continuou a fingir e se
afligir. Mesmo
assim não desistiu. Emitiu selos fiscais em outubro de 1903 e do Tesouro em
janeiro de 1905, todos sem a palavra República. O dinheiro auferido com a venda
destes selos foi empregada para retomar o estado de Counani.
Com apoio inglês, espanhol e
colonos ele montou um exército, o pretendido presidente tentou montar uma
expedição militar e em
1908 fracassou na retomada da região. Os governos de Brasil, França e
Inglaterra agiram para impedi-la. Com o passar do tempo, Brézet se mudou de
Paris para Londres e viveu caricatamente dando entrevistas e vendendo
concessões. Para facilitar sua tarefa publicou uma série de Livres Rouges du
Counani, volumes de propaganda e aberta ficção. Nele sustentava, por
exemplo, ter derrotado, com pesadas baixas para os invasores, as tropas
brasileiras que tentavam fazer cumprir o laudo suíço. As baixas teriam se dado
não só no norte, mas até mesmo em Macapá. O Vaticano teria designado um
delegado apostólico para Counani; e em agosto de 1903 teria sido firmado um
acordo com as Guianas Inglesa e Francesa sobre o tráfego de navios com a
bandeira do Counani. Ele
deixou a pseudo-presidência em 1911 e seria supostamente sucedido por Jules Gros Jr, que acabou
esquecido.
Mas a Republique du Counani há muito era uma ficção
Hoje,
Counani é apenas uma lembrança que faz parte da História do atual estado do
Amapá, cuja capital Macapá é a única capital brasileira no Hemisfério norte do
planeta. Ficaram como lembrança os selos de Counani, pois a filatelia guarda,
resgata e ensina. Os selos do Counani se tornaram raridade
filatélica; a coleção do Sr. Joaquim Marinho, de Manaus, inclui muitos deles, aqui
uma seleção:
Selos de 1893 |
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