domingo, 14 de julho de 2013

Novo livro de Numismática em andamento

Rodrigo de Oliveira Leite, numismata residente no Rio de Janeiro, nos informa que está a escrever um livro sobre a história da Associação Brasileira de Numismática, com lançamento previsto para o dia 25 de Outubro de 2013, em Reunião Especial que ocorrerá nessa associação. Fruto de meses de pesquisa em centenas de documentos, esse livro tratará não só da história da ABN, mas bem como das dificuldades e particularidades comuns a todas às Associações Numismáticas num país que não dá o valor que essa tão nobre ciência merece.

O autor também nos informa que pretende publicar ainda mais um livro em 2013, sobre a Hiperinflação Húngara de 1945-46, que deverá ocorrer no mês de Dezembro, e que em 2014 pretende concluir a publicação do "Catálogo das Moedas Brasileiras Contramarcadas no Estrangeiro", fruto de uma profunda pesquisa no assunto.

domingo, 7 de julho de 2013

Selos como sintoma: a economia e a geopolítica da Ditadura Militar antes da Crise do Petróleo (1964-74) - I


O regime democrático vigente no país depois da Segunda Guerra Mundial (1946) até o Golpe Militar de 1964 desenvolveu uma política econômica que se tornou conhecida como industrialização por Substituição de Importações – ISI. Baseava-se na percepção de que os países periféricos precisavam se industrializar para alcançar o desenvolvimento econômico. As características de tal política e sua presença na filatelia foram analisadas em artigo anterior deste blog.


Em termos econômicos o Golpe representou uma continuidade e ao mesmo tempo uma ruptura com a ISI, e a colocação de novas prioridades. Tais prioridades e linhas de ação transpareceram no campo filatélico.

A doutrina do novo poder

O poder militar no Brasil não se caracterizou pelo personalismo – foram as Forças Armadas (e especialmente o Exército) enquanto instituição que assaltaram a máquina do Estado. Não houve um Perón brasileiro. À falta de um grande líder, os novos donos do poder para justificar seu domínio basearam-se em um conjunto de ideias que vinha sendo desenvolvido desde o final dos anos 1940 e que ficou conhecido como Doutrina de Segurança Nacional.

Esta Doutrina tinha como eixo o binômio Segurança e Desenvolvimento. O Brasil deveria permanecer firme dentro do campo do Ocidente, tipo como oposto à ameaça comunista. E ao mesmo tempo deveria promover seu desenvolvimento. O Desenvolvimento seria possibilitado pela Segurança e reforçaria a mesma.

O conjunto de selos Exército brasileiro - fator de segurança e desenvolvimento nacional (08/1969) ilustra o pensamento do poder militar. Os Correios os lançaram no Dia do Soldado (25 de agosto) em uma conjuntura política difícil – a Ditadura colocara o Congresso em recesso desde o ano anterior. A censura à imprensa impedia manifestações da oposição. A hipertensão arterial acossava o Presidente Marechal Costa e Silva e em poucos dias o levaria a um acidente vascular cerebral e à saída do poder.

Segurança e Desenvolvimento era a doutrina e de maneira quase didática um dos selos é dedicado à Segurança e o outro ao Desenvolvimento. No selo da Segurança é bastante claro quem a proverá – trata-se do Exército. O selo representa o território nacional metade em verde e outra em amarelo com um fundo azul – o patriotismo literalmente ocupando o território, este imerso em uma cor de vibração otimista. E no centro de uma das metades o símbolo da Força de Terra.

O segundo selo (que representa o Desenvolvimento) traz uma imagem de uma obra de arte de uma ferrovia e o dístico Exército Brasileiro – Fator de Desenvolvimento Nacional. A escolha de uma ferrovia é significativa para a política econômica e para a geopolítica da Ditadura – pois ela privilegiou a ocupação do espaço de forma modernizante e conservadora e tendo os transportes como um dos eixos, como veremos na sequência neste blog.

Bibliografia:
BECKER, Bertha, e EGLER, Claudio. Brasil: uma nova potência regional na economia-mundo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 267p. p126-130.