domingo, 29 de setembro de 2013

Selos como sintoma: a economia e a geopolítica da Ditadura Militar depois da Crise do Petróleo (1974-85) – I/II


A política econômica e a visão geopolítica dos novos donos do Poder depois do golpe militar de 1964 transpareceram nos lançamentos de selos. Em outros artigos deste blog já vimos como a prioridade para as comunicações; a necessidade de integração nacional; a nacionalização da segurança e a doutrina da Segurança e do Desenvolvimento marcaram presença na filatelia (1, 2 e 3).

Os selos também marcaram a continuidade da política de substituição de importações do período anterior (1946-1964), seu esforço industrializante e seus gargalos na produção e na exportação.

Selo Preservação de Recursos Econômicos - 1976Nesta série de dois artigos enfocaremos um segundo capítulo da Ditadura e seu reflexo nos lançamentos de selos, no que se refere à economia e à geopolítica.

O Choque do Petróleo

O forte crescimento da economia brasileira de 1968 a 1973 baseava-se, entre outros fatores, em uma conjuntura internacional favorável. O produto mundial crescia e com ele a procura por produtos brasileiros. O modelo de industrialização e de transportes adotado desde antes da Ditadura mas consolidado por esta se fundamentava no uso extensivo de derivados de petróleo como combustível. A produção nacional de petróleo era no entanto pouco significante. O país dependia, para continuar funcionando, de um fluxo de petróleo que era basicamente importado.

Selos Alternativas Energéticas - 1980



Esse ponto fraco evidenciou-se quando uma confusa conjuntura política no Oriente Médio ocasionou a quadruplicação dos preços do petróleo no final de 1973. Como a necessidade do produto era grande, em pouco o país começou a sofrer de dificuldades de pagamentos externos, ou seja, as vendas externas passaram a ter problemas para cobrir as compras.

Menor dependência do petróleo

O conjunto de selos Preservação de Recursos Econômicos (1/1976) marcou, no meio filatélico, o surgimento de uma nova época em que não se podia mais confiar em um combustível fóssil barato. Com o curioso lema Sabendo usar não vai faltar, os dois selos enfatizavam a necessidade de economizar energia elétrica e combustível para os automóveis. Hoje é lugar-comum o pensamento de que é necessário utilizar sabiamente os recursos naturais, mas na época tais selos tinham pioneirismo.

Selo Indústria de Carvão de Pedra - 1980O conjunto de selos Alternativas Energéticas (1/1980) apresentou em síntese as iniciativas e as perspectivas de uma menor dependência do petróleo presentes na época. Tal conjunto homenageava o álcool, a energia solar, a energia eólica e a energia hidrelétrica. O governo já incentivava com o Proálcool tal combustível como substituto da gasolina. As energias solar e eólica, então pouco desenvolvidas, articulavam-se com a preocupação ecológica então nascente. E a energia hidrelétrica formava a base da geração elétrica do país desde os anos 50.

Outra alternativa consistia no desenvolvimento da extração do carvão nacional, que também foi objeto de incentivos governamentais, e que foi homenageada no selo Indústria de Carvão de Pedra (3/1980).

Na sequencia veremos o reflexo de outras políticas governamentais na filatelia.

Bibliografia:

ABREU, Marcelo de Paiva. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana (1889-1989). 11ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1990. 445p. p295-346.

BECKER, Bertha, e EGLER, Claudio. Brasil: uma nova potência regional na economia-mundo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 267p. p138-144.

domingo, 1 de setembro de 2013

Selos como sintoma: a economia e a geopolítica da Ditadura Militar antes da Crise do Petróleo (1964-74) – III (Final)

Paulo Avelino
paemail-snfce@yahoo.com.br

A Visão Geopolítica do Regime Militar influiu na Filatelia. Neste artigo enfocaremos a presença nos selos de dois aspectos de tal visão: a integração nacional e a ênfase nas comunicações.

Integrar para Não Entregar

O Regime Militar recolocou a ideia da integração nacional como projeto básico – a qual passava pela ordenação e ocupação do território, tidas como necessárias para a proteção da integridade nacional.

O selo Transamazônica (7/1971) comemorou a mais visível de todas essas políticas. A controvertida rodovia simbolizou uma modificação do padrão geopolítico do Estado. Nos anos 1940 e 1950 consolidou-se a noção do Nordeste como região-problema, o que culminou com a criação da Sudene em 1959. O regime militar virou esta ênfase para a Região Norte. O próprio traçado da estrada simboliza a mudança.

  O Regime estabeleceu uma região privilegiada de isenções tributárias em torno da capital do Amazonas com o objetivo de incentivar uma industrialização avançada em polo distante do eixo industrial do país. O selo Criação da Zona Franca de Manaus (3/1968) marcou esta iniciativa governamental.
Uma ideia surgida na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército em 1966 deu origem no ano seguinte à iniciativa de transportar estudantes e professores do Sudeste para Rondônia. Com o lema de Integrar para não Entregar o Projeto Rondon deixou claros seus pressupostos geopolíticos. Envolvendo milhares de universitários, que eram anualmente enviados para regiões consideradas carentes, o Projeto foi celebrado pelo Regime no selo Projeto Rondon (5/1970).

Ênfase nas Comunicações

A centralização do controle das comunicação começou antes do Regime Militar. Nos anos 1950, serviços como os de telefone, telex e telegramas se encontravam dispersos em empresas frequentemente estrangeiras e acusadas de não prover bom serviço. Quanto ao rádio, sempre foi objeto de preocupação militar, desde 1931, com a criação da Comissão Técnica de Rádio com maioria militar. Em 1962 o governo Jango promulga o Código Brasileiro de Telecomunicações, até hoje vigente, unificando a regulamentação do setor.

O Regime Militar considerou as comunicações como parte de seu programa de organização do território. Um passo decisivo foi a Criação do Ministério das Comunicações (6/1967), celebrada em selo, que subsituiu o antigo Conselho de Comunicações janguista por um órgão com mais poderes.

O Governo precisava gerenciar o processo de federalização das velhas concessões de serviços telefônico e para gerenciar isso foi criada um nova empresa, a Embratel, a qual logo principiou a estabelecer linhas objetivando uma unificação comunicacional do território. O selo Estação terrena da Embratel para comunicações por satélite (2/1969) marca tal política.

Conclusão

A Ditadura Militar brasileira utilizou os selos postais como elemento legitimador de suas políticas, fazendo da filatelia um meio privilegiado de se conhecer tal época.




Bibliografia:

BECKER, Bertha, e STENNER, Claudio. Um Futuro para a Amazônia. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. 150p. (Série Inventando o Futuro). pp. 22-24.

MATHIAS, Suzeley Kalil. Forças Armadas e Administração Pública: a participação militar nas Comunicações e na Educação (1963-1990). Tese de Doutoramento. Disponível em <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000189637&fd=y>. Acesso em 31 ago 2013. pp. 124-156.

MORAES, Antônio Carlos Robert. Território e História no Brasil. 3ª ed. São Paulo: Annablume, 2008. 154p. pp. 100-101.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Leilão - venda sob oferta - mensal da Sociedade Numismática e Filatélica Cearense

Neste domingo, dia 1/9, na Cidade da Criança, em Fortaleza, a partir das 9 da manhã. Todas e todos os colecionadores estão convidados.

domingo, 4 de agosto de 2013

Selos como sintoma: a economia e a geopolítica da Ditadura Militar antes da Crise do Petróleo (1964-74) – II

Paulo Avelino
paemail-snfce@yahoo.com.br

A Ditadura advinda do golpe militar destruiu a estrutura de poder político e econômico anterior – e ao mesmo tempo a conservou em grande parte. Neste artigo veremos a continuidade e a ruptura em ação no campo econômico – e sua repercussão na filatelia.

A Política de Substituição de Importações

Vimos em outro artigo deste blog as características da estratégia econômica do interregno democrático de 1946-64, chamada de Política de Substituição de Importações (PSI). A Ditadura manteve muitas delas - tanto características quanto limitações. Um dos 
dramas da PSI é que ela protegia indústrias de bens de consumo final. Ao fazê-lo, criava um setor industrial que, embora abastecesse com sucesso o mercado interno, não conseguia competir com outras empresas lá fora, ou seja, não conseguia exportar.

Isso gerava o paradoxo de um país em forte processo de industrialização que exportava fundamentalmente produtos primários, como se a indústria não existisse. Eram portanto importantes os esforços para promover a exportação de primários, em especial do café – pois os primários continuavam a ser o grande meio do país ganhar dólares. O selo Propaganda do Café do Brasil (12/1965) ilustra essa problemática.

A PSI tinha como uma de suas tarefas a superação de velhos gargalos que atrapalhavam o crescimento do setor privado industrial, entre eles o de transportes. Desde o interregno democrático os Correios emitiram selos celebrando obras que se propunham a superar esses gargalos. Isso continuou na Ditadura. O selo Inauguração do Novo Terminal de Minério de Turabão/ES (4/1966) marca o início dessa instalação da então estatal Companhia Vale do Rio Doce, destinada à exportação de um produto primário e consequente geração de divisas.

Nacionalização da Segurança

A Ditadura rompeu com políticas anteriores – ela não apenas as manteve. Uma das rupturas consiste no que Cervo e Bueno denominam Nacionalização da Segurança – a busca de  dominar tecnologias  que considerava importantes do ponto de vista militar.

Um desses ramos foi o da construção de aeronaves, o qual tivera seu início com a criação ainda em 1951 do Centro Tecnológico da Aeronáutica – CTA em São José dos Campos. Em 1969 o governo transferiu a tecnologia do CTA para a Empresa Brasileira de Aeronáutica – Embraer.

O selo Ano da Indústria Aeronáutica - Embraer - Avião Bandeirante (11/1969) ilustra tal momento. O poder ditatorial decretou até mesmo aquele ano como homenagem ao setor da indústria, sendo o conhecido avião nacional um dos feitos da área.

A política de nacionalização atingiu um de seus ápices com o lançamento de um avião militar, fato que é celebrado no selo 1º Voo do Xavante (9/1971), coroando o processo de desenvolvimento setorial.

A tecnologia aeronáutica pode ser considerada um elemento na estratégia geopolítica da ditadura. Outro fator seria a ocupação do espaço – a ser vista em artigo subsequente.

Bibliografia:

BECKER, Bertha, e EGLER, Claudio. Brasil: uma nova potência regional na economia-mundo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 267p. p130-131.
CERVO, Amado Luiz, e BUENO, Clodoaldo. História da política exterior do Brasil. 3ª ed. ampliada. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008. 559p. p404-405.




domingo, 14 de julho de 2013

Novo livro de Numismática em andamento

Rodrigo de Oliveira Leite, numismata residente no Rio de Janeiro, nos informa que está a escrever um livro sobre a história da Associação Brasileira de Numismática, com lançamento previsto para o dia 25 de Outubro de 2013, em Reunião Especial que ocorrerá nessa associação. Fruto de meses de pesquisa em centenas de documentos, esse livro tratará não só da história da ABN, mas bem como das dificuldades e particularidades comuns a todas às Associações Numismáticas num país que não dá o valor que essa tão nobre ciência merece.

O autor também nos informa que pretende publicar ainda mais um livro em 2013, sobre a Hiperinflação Húngara de 1945-46, que deverá ocorrer no mês de Dezembro, e que em 2014 pretende concluir a publicação do "Catálogo das Moedas Brasileiras Contramarcadas no Estrangeiro", fruto de uma profunda pesquisa no assunto.

domingo, 7 de julho de 2013

Selos como sintoma: a economia e a geopolítica da Ditadura Militar antes da Crise do Petróleo (1964-74) - I


O regime democrático vigente no país depois da Segunda Guerra Mundial (1946) até o Golpe Militar de 1964 desenvolveu uma política econômica que se tornou conhecida como industrialização por Substituição de Importações – ISI. Baseava-se na percepção de que os países periféricos precisavam se industrializar para alcançar o desenvolvimento econômico. As características de tal política e sua presença na filatelia foram analisadas em artigo anterior deste blog.


Em termos econômicos o Golpe representou uma continuidade e ao mesmo tempo uma ruptura com a ISI, e a colocação de novas prioridades. Tais prioridades e linhas de ação transpareceram no campo filatélico.

A doutrina do novo poder

O poder militar no Brasil não se caracterizou pelo personalismo – foram as Forças Armadas (e especialmente o Exército) enquanto instituição que assaltaram a máquina do Estado. Não houve um Perón brasileiro. À falta de um grande líder, os novos donos do poder para justificar seu domínio basearam-se em um conjunto de ideias que vinha sendo desenvolvido desde o final dos anos 1940 e que ficou conhecido como Doutrina de Segurança Nacional.

Esta Doutrina tinha como eixo o binômio Segurança e Desenvolvimento. O Brasil deveria permanecer firme dentro do campo do Ocidente, tipo como oposto à ameaça comunista. E ao mesmo tempo deveria promover seu desenvolvimento. O Desenvolvimento seria possibilitado pela Segurança e reforçaria a mesma.

O conjunto de selos Exército brasileiro - fator de segurança e desenvolvimento nacional (08/1969) ilustra o pensamento do poder militar. Os Correios os lançaram no Dia do Soldado (25 de agosto) em uma conjuntura política difícil – a Ditadura colocara o Congresso em recesso desde o ano anterior. A censura à imprensa impedia manifestações da oposição. A hipertensão arterial acossava o Presidente Marechal Costa e Silva e em poucos dias o levaria a um acidente vascular cerebral e à saída do poder.

Segurança e Desenvolvimento era a doutrina e de maneira quase didática um dos selos é dedicado à Segurança e o outro ao Desenvolvimento. No selo da Segurança é bastante claro quem a proverá – trata-se do Exército. O selo representa o território nacional metade em verde e outra em amarelo com um fundo azul – o patriotismo literalmente ocupando o território, este imerso em uma cor de vibração otimista. E no centro de uma das metades o símbolo da Força de Terra.

O segundo selo (que representa o Desenvolvimento) traz uma imagem de uma obra de arte de uma ferrovia e o dístico Exército Brasileiro – Fator de Desenvolvimento Nacional. A escolha de uma ferrovia é significativa para a política econômica e para a geopolítica da Ditadura – pois ela privilegiou a ocupação do espaço de forma modernizante e conservadora e tendo os transportes como um dos eixos, como veremos na sequência neste blog.

Bibliografia:
BECKER, Bertha, e EGLER, Claudio. Brasil: uma nova potência regional na economia-mundo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 267p. p126-130.






sábado, 1 de junho de 2013

Ligeiro resumo da vida da SNFC

Esta pequena história da Sociedade Numismática e Filatélica Cearense foi publicada pela Diretoria da SNFC em 1997, na Presidência do filatelista Carlos Alberto Mendonça.





domingo, 21 de abril de 2013

SETE: O NÚMERO SAGRADO



Associado da SNFC

O sete é conhecido como número sagrado por suas propriedades aritmológicas e simbologia. Oriundo da dupla polarização da unidade é o primo de 1 a 10 que não é múltiplo nem divisor de 1 a 10.
Na religião o sete é o numero que mais aparece na Bíblia, 342 vezes. No Gênesis 2, 1-3 "Deus criou o mundo em sete dias e no sétimo dia ele descansou..." "trabalharás seis dias, mas o sétimo dia será para ti uma coisa santa, e o Sabá, o dia do repouso consagrado ao Senhor (Ex 35:2).
No Antigo Testamento, os israelitas circularam durante sete dias e sete vezes um cada dia em torno de Jericó, até que as muralhas caíssem (Josué 6:2-5).
A igreja Católica tem sete sacramentos (batismo, crisma, eucaristia, comunhão, matrimonio, ordem e extrema-unção), sete pecados capitais (orgulho, ira, gula, inveja, preguiça, luxúria e avareza) e sete virtudes cardinais (castidade, temperança, generosidade, diligência, paciência, caridade e humildade). Os dons do Espirito Santo são sete: sabedoria, entendimento, conselho, ciência, fortaleza, piedade e temor (Isaias 11:1-2).
O Templo de Salomão foi construído em sete anos, houve as sete pragas do Egito. Jesus pronunciou sete palavras na cruz e mandou perdoar o irmão setenta vezes sete, considerado um numero muito grande. São sete os arcanjos na Bíblia e sete as igrejas da antiguidade.
A tradição mulçumana conta que Maomé cruzou sete paraísos diferentes, antes de encontrar-se com Alá, e na peregrinação a Meca os peregrinos devem fazer sete voltas em torno da Kaaba.
O sete aparece ainda na vida cotidiana, pois, a semana é formada de sete dias. As notas musicais são sete (do, ré, mi, fá, sol, lá, si).
Existem sete artes (musica, dança, pintura, escultura, literatura, cinema e teatro), e são sete as maravilhas do mundo antigo. O candelabro judaico tem sete braços (Menorah).
Sete são as Artes e Ciências Liberais da Idade Media: gramática, lógica, retórica, aritmética, geometria, música e astronomia, e sete são os sábios da Grécia Antiga: Thales, Pittacos, Periandro, Solon, Bias, Cleobulo e Chilon.
As cores do arco-íris são sete, e na astrologia são considerados sete corpos (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno). Sete são as colinas de Roma e de Paris.
A soma das faces opostas de um dado é igual a sete, e cada fase da Lua dura aproximadamente sete dias.
Na maçonaria sete é a perfeição, pois é a soma dos lados do quadrado (4) e do triângulo (3). Tudo que há no mundo pode ser medido a partir de apenas sete unidades básicas: comprimento, corrente elétrica, tempo, quantidade de matéria, intensidade da luz, massa e temperatura.
Sete é um Numero Primo de Mersenne, da fora 2n - 1, assim 7= 23-1,e é o quarto dos números de Lucas (1,3,4,7,11...).
(Philmath vol. XXXII, n.° 3, janeiro 2011)

Diário do Nordeste

FORTALEZA, CEARÁ-SÁBADO. 13 DE ABRIL DE 2013
2 | Jogada

SILVIO

CARLOS

w


A Sociedade Numismática e Filatelia Cearense, com o apoio dos Correios, realiza o curso "Iniciação a filatelia", aos sábados, das 9 às l1 h, no auditório dos Correios - Rua Senador Alencar, 38, Centra. O curso esta sendo ministrado por experientes colecionadores como Jackson Albuquerque, Elmar Farias, Julia Mello, Roberto Moreira e Carlos Mendonça.
Jovens e adultos podem participar desse curso promovido pela Sociedade Numismática e Filatelia Cearense (SNFC). Os interessados em obter mais informações e também garantir presença nesse evento "Iniciação a filatelia" podem manter contato com a própria colecionadora Julia Mello, através do telefone 3234.2596.

domingo, 31 de março de 2013

NUMÁRIA - Artigo de 1958 sobre o centenário do selo postal

A Sociedade Numismática e Filatélica Cearense publicou no final dos anos 1950 a revista NUMÁRIA (em nova fase). De tal periódico só saíram dois números. Pretendemos aos poucos colocar aqui alguns artigos da revista. Agradecemos ao filatelista Roberto de Azevedo Moreira Filho a doação dos preciosos exemplares para que pudéssemos realizar este trabalho.

O Número 1 data de dezembro de 1958, conforme se pode ler abaixo. Damos agora algumas informações sobre o filatelista autor do artigo.

Tomé Cabral Santos colecionava selos e morava na Avenida do Imperador, 1600, uma região de Fortaleza que há muito deixou de ser residencial. Suas especialidades eram Brasil, União Postal Universal, esportes e centenário do selo na Europa. Na época era o Tesoureiro da SNFC. No mesmo número da revista publicou também o artigo “A Sede própria da S.N.F.C.”. Fazia parte da Comissão Organizadora da V Exposição Numismática e Filatélica do Ceará, a realizar-se em março de 1959 (informações constantes em outras partes da revista).

Em seu artigo o Sr. Cabral fala do mundo árabe: ante a pobreza, o atraso e a opressão, setores da sociedade derrubavam governos e procuravam estabelecer uma nova Arábia, de progresso e unidade. O curioso é que ele não está falando da chamada Primavera Árabe desde 2011. Escreve sobre o Egito e seus vizinhos no ano 1950. Governava o país a personalidade carismática (e polêmica) de Gamal Abdel Nasser. Ele desejava unir os países da região e para tanto promoveu a criação da República Árabe Unida. Tal iniciativa não prosperou, os problemas da região continuaram, cinquenta anos foram embora e hoje há outras revoltas com quase os mesmos objetivos. Esperemos que daqui a meio século outra pessoa não esteja escrevendo que no começo dos anos 2010 houve revoltas para resolver os problemas do mundo árabe, as quais não surtiram o efeito desejado e hoje, em 2060, há outras revoluções...

A segunda parte do artigo fornece uma (útil) lista de selos comemorativos dos centenários de emissões nacionais.

O autor Tomé Cabral teve destaque na vida intelectual da região. Transcrevemos abaixo o verbete da Wikipedia sobre ele:

Tomé Cabral dos Santos (Milagres, 7 de julho de 1907 – Crato, 15 de junho de 1988) é um dicionarista, escritor e filatelista brasileiro.

Biografia
 Nasceu no Sítio Riachão, filho de José Coriolando Gomes dos Santos e Rita Cabral dos Santos, no município cearense de Milagres em 1907. Muda-se para o Crato em 12 de dezembro de 1912, em 1925 torna-se funcionário do Banco do Cariri; estuda no Ginásio do Crato onde conclui o secundário em 1931 e ainda em 1931, escreve sua primeira publicação literária, Os 19. Em 1932 ingressa no curso de Direito da Faculdade de Direito do Ceará onde logo é forçado a desistir devido horário de trabalho; matricula-se no ano seguinte também tendo que desistir. Em 1937 volta ao curso, mas desiste de vez. Funcionário do Banco do Brasil de 1933 a 1950; da Superintendência da Moeda e do Crédito (1950 a 1964) e do Banco do Estado do Ceará entre 1964 a 1969.

Entre 1930 e 1931 escreve nas revistas Excelsior do Rio e na Fon-fon.

Autodidata e pesquisador da cultura local e regional com base no Romanceiro Popular do Nordeste, a Literatura de Cordel e é com base na diversidade do cordel que constrói sua obra maior que é o Dicionário de Termos e Expressões Populares publicado em 1973 com prefácio de Evanildo Bechara. A primeira obra de Tomé Cabral foi Os 19, publicado em 1931 e reeditado em 1981. Em 1968 lança uma crônica de viagens A Europa é bem ali. Em 1982 a editora da Universidade Federal do Ceará lança o Novo Dicionário de Termos e Expressões Populares; em 1978 escreve Patuá de Recordações, obra prefaciada pela escritora Rachel de Queiróz. Membro do Instituto Cultural do Cariri, Academia Piracicabana de Letras e de várias entidades de Literatura filatélica no Brasil.

 Obras
 Os 19
 A Europa é bem ali
 Dicionário de Termos e Expressões Populares
 Seu Mé
 Padre Emílio Cabral
 Família Lima Verde
 Patuá de recordações
 Novo Dicionário de Termos e Expressões Populares

Inéditos
 Lucíola, perfil de mulher
 Adão, o paxá e eu...
 Versos diversos
 Se a Europa é bem ali, onde fica o Paraguai e a Argentina?
 Minha Salma ou sal... Minha? Tanto faz como tanto fez

Referências
 OLIVEIRA, José Humberto Tavares de. Tomé Cabral: um intelectual obstinado/centenário de nascimento. Crato; Instituto Cultural do Cariri. 2007
 ARAGÃO, Paulo Ximenes. O Livro do Século. In: Almanaque da Parnaíba. ed 1970. Parnaíba. p.105







quarta-feira, 6 de março de 2013

CURSO DE INICIAÇÃO À FILATELIA

A SNFC promoverá um curso de CURSO DE INICIAÇÃO À FILATELIA a partir de 23/3. As inscrições podem ser feitas na Agência Filatélica da Agência Central dos Correios de Fortaleza (rua Senador Alencar, 38  - fone 3255-7165), até o dia 22/3, no horário comercial. A programação completa se encontra abaixo.


SOCIEDADE NUMISMÁTICA E FILATÉLICA CEARENSE
CURSO INICIAÇÃO A FILATELIA – 2013

MÓDULO 1 – Iniciação à Filatelia – coleções temáticas de de Um Quadro
DATA  CONTEÚDO  PROFESSOR  Duração
23/03  - Conceito
- Por que colecionar
- Como iniciar uma coleção
- Tipos de coleção
- O que entra em uma coleção filatélica
- Acessórios
- Como organizar uma coleção
Sr. Mendonça
1 sábado

20/4 e 25/5
- Conceito de coleção temática
- Origem do selo Comemorativo
- Escolha do tema
- Escolha do título
- Como elaborar um roteiro ou plano
- Material utilizado para montagem da coleção
- Oficina de montagem de coleção
Sr. Jackson , Dr. Elmar, Júlia
2 sábados

29/6  - Conceito de coleção de UM QUADRO
- Escolha do tema
- A importância da síntese
- Exemplos
Sr. Roberto
 1 sábado

MÓDULO 2 – Selos Ordinários
24/8  - Os selos do império
- Primeiras emissóes
- A importância das peças nas coleções
- Valorização
- Importância das peças circuladas
Sr. Anízio
1 sábado

28/9  - Séries Madrugada Republicana
- Vovó, Netinha e Bisneta
- Filigranas
- Importância das peças circuladas
Sr. Anízio
 1 sábado

19/10  - Selos ordinários a partir de 1963
- Séries emitidas
- Variedades: filigranas, fosforescência, picotes, papel
Sr. Roberto
1 sábado

MÓDULO 3 – Comércio Filatélico na Internet
30/11  - Principais sites
- Leilões
- Cuidados: confiabilidade, segurança
Leonardo
Edgar
1 sábado

Fortaleza, 16 de fevereiro de 2013
Júlia Geracita de Mello
Presidente
SOCIEDADE NUMISMÁTICA E FILATÉLICA CEARENSE

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

FRANCISCO FELIZOLA SALMITO SALMITO escreveu:

FRANCISCO FELIZOLA SALMITO SALMITO escreveu:

Amiga Julia: estarei indo a Fortaleza dia 15 de fevereiro e estarei na feirinha dia 17 domingo, se puder avise aos amigos da sociedade. Grato, Salmito

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013


Selos como sintoma: o período da substituição de importações (1955-64)


Selos como sintoma

Os selos interessam enquanto documentos [ou monumentos] de uma época. Dito de maneira mais dramática, enquanto sintomas. Um dos casos mais interessantes é o das emissões postais que possibilitam perceber uma política econômica de vários governos brasileiros, dos anos 1940 a 1960.

Mudanças na economia a partir de 1929

Até a crise de 1929 o país podia ser visto como uma grande fazenda de três ou quatro produtos tropicais (principalmente o café) com alguns pontos urbanos frouxamente interligados e uma indústria fragílima. A depressão econômica dos anos 1930 e a guerra subsequente forçaram mudanças. (Celso Furtado descreveu esse período na Formação Econômica do Brasil.)

A chamada Política de Substituição de Importações marcou o período econômico das décadas subsequentes. Ela resultou da própria mudança internacional (com a crise e a guerra); da alteração na demografia interna (com o aumento nas migrações dentro do país); do apoio dos EUA (interessados em conter o Comunismo); e de fatores ideológicos, como a teoria do argentino Raul Prebisch, a qual dizia, contrariamente ao que era consensual antes, que a especialização em produtos agrícolas só prejudicava um país.

Problemas da industrialização

Industrializar-se era preciso, portanto. Produzir internamente brinquedos, carros e camisas, tudo o que era então importado e pago com café. Mas havia problemas. Destes, focaremos cinco:

a)    máquinas precisam de energia elétrica confiável, sem apagões constantes. Isso não havia;
b)      fábricas precisam de matéria-prima e escoar sua produção. Para isso era necessário transporte;
c)       indústrias precisam de insumos, como combustível, cuja fabricação exigia pesados investimentos;
d)      para investir na indústria, era necessário capital, o que era pouco. Os contribuintes, através do governo, tiveram (em grande parte) de investir na indústria;
e)      para haver indústria nacional era necessário protegê-la da competição externa. Mas a indústria assim protegida se voltava para o mercado interno. Pouco exportava. O país, embora se industrializando, continuava a depender de produtos tropicais de exportação.

A Política de Substituição de Importações (PSI) nos selos - Energia

 O primeiro selo brasileiro a constituir sinal da PSI foi o da Inauguração da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso (01/1955). Isso foi coerente com as conclusões da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, um grupo de trabalho reunido anos antes que concluiu pela desesperada carência energética do país. Celso Furtado foi um dos corifeus da PSI. Ele em entrevista anos depois afirmou que o Nordeste era tão pobre de energia que Fortaleza tinha uma usina a óleo que vivia apagando (Revista Playboy, abril de 1999). Paulo Afonso contribuiu para minorar esse problema nordestino.

Transportes

Dois selos marcaram os esforços para superar o estrangulamento nos transportes. A Sanção da Lei de Recuperação da Marinha Mercante Brasileira (08/1958) e a Lei 3421/58 do Fundo Portuário Nacional (07/1959) referem-se ao transporte marítimo, nomeadamente no governo Juscelino, que, à semelhança dos anteriores, também aplicou a PSI.

Insumos

Indústrias precisam de combustíveis e de aço, e entre os selos que comemoraram o esforço para produzir domesticamente esses insumos então importados destacamos o Primeira “Corrida-do-Ferro” da Usiminas (10/1962), já no governo João Goulart, e o 5º Aniversário da Lei da Petrobrás (10/1958), este último ostentando não só a face de Getúlio (que assinou a criação da empresa) mas também uma eufórica mão suja de óleo.

Capital

Uma das conclusões da citada Comissão Mista, a da falta de capital para investir, levou à criação de um banco que tinha por objetivo fornecer tal capital, o BNDE. O selo 10º Aniversário do Banco Nacional do Desenvolvimento (11/1962) celebrou a instituição, a qual nos anos 80 mudou a sigla para BNDES, acrescentando a palavra “Social”.


Exportações

Dois selos assinalaram as tentativas de resolver os problemas cambiais, ou seja, de excesso de importações sobre exportações. O selo do Convênio Internacional do Café (01/1961) marcou tal acordo, o qual estabeleceu cotas de produção e exportação para os países produtores para evitar que o preço de tal produto despencasse pelo excesso de competição. A indústria, mesmo crescente, não tinha condições de competir por mercados na Europa e nos EUA. Assim restava ganhar dólares exportando o tradicionalíssimo café. E também buscar mercados novos, como os países então recém-independentes da África. Em tal esforço se insere o selo Visita do Ministro do exterior Afonso Arinos à África (04/1961), um périplo pioneiro.


 Conclusão

Os selos brasileiros da época documentaram o esforço de mudança do padrão econômico do país, visando a uma maior presença da indústria. E confirmam mais uma vez que os selos constituem uma forma de estudar uma época.
 Bibliografia:

Gremaud, Toneto Jr. e Vasconcellos. Processo de Substituição de Importações. Disponível em <http://www.ufrgs.br/decon/VIRTUAIS/eco02209b/pasta/artigos/Importacoes.pdf>. Acesso em 12 fev 2013.

Plano de Metas. Disponível em <http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/plano-de-metas>. Acesso em 12 fev 2013.

Comissão Mista Brasil-Estados Unidos. Disponível em < http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/ComissaoMista > . Acesso em 12 fev 2013.









domingo, 3 de fevereiro de 2013

As Razões do Cobre – moedas no fim do século XVII



Paulo Avelino
paemail-snfce@yahoo.com.br

Uma moeda de cobre de 1699

Uma moeda de cobre abre a minha pequena coleção – é a mais antiga datada que possuo. A moeda de XX réis de 1699 tem sua beleza: letra monetária de quatro letras P envoltas em quatro crescentes, a inscrição Moderato Splendeat Usu (Brilhará com usos moderado) e na outra face a informação do soberano, PETRUS II D.G. PORTVG. R.DAETHIOP (Pedro II pela graça de Deus Rei de Portugal e da Etiópia).

O passado [dizem] é um país que não existe. Ou, se existe, ao menos é distante. Os selos e moedas diminuem [podem diminuir] essa distância que se metamorfoseia em estranheza.

O bimetalismo

Voltemos a um tempo em que as cédulas quase não existiam. Existiam quase que só as moedas. Essas tinham um valor intrínseco, ou seja, o metal do qual eram feitas tinha valor. E também [é claro] possuíam um valor extrínseco, ou seja, o seu valor de face. No caso da minha moeda, XX réis. A quantidade de dinheiro em um país dependia portanto da quantidade de metal precioso que nele havia.

Por metal precioso entenda-se quase que sempre ouro e prata. Daí bimetalismo.

Tal sistema gerava problemas muitos.  Os reis tinham a trabalhosíssima tarefa de regular o valor intrínseco e o valor extrínseco. Senão:

·         se o valor do metal se tornasse maior que o valor de face da moeda, as pessoas simplesmente fundiriam a moeda para vender o metal;
·         se o valor de face fosse muito maior que o valor do metal, havia um enorme estímulo à falsificação (lembremos que estávamos em um tempo sem polícia organizada, nem fichários computadorizados com informações sobre todos os cidadãos, nem análises informatizadas da composição metálica de uma moeda).

O bimetalismo armou uma bomba-relógio monetária, pois a moeda, fator essencial à circulação econômica, nesse sistema dependia de fatores fora de muito controle, como os fluxos de metal em relação ao exterior, e, pior ainda, a descoberta de minas, as quais, na Europa, caminhavam para o esgotamento. E as economias cresciam, reclamando mais moedas. As queixas de falta de dinheiro se generalizavam.

Os reis de Espanha (com a prata de Potosí) e de Portugal (com o ouro das Minas Gerais) soltaram foguetes com a descoberta desses metais, já sabemos o porquê. Se não usaram esses metais para desenvolver seus países, é história outra.

Brasil – uma economia (quase) sem moeda

Todos sabemos que a economia brasileira nos primeiros séculos dependia da escravidão. O trabalho escravo é gratuito. Não precisando ser pago, não necessita de dinheiro. Assim, a economia funcionava com bem pouca necessidade de dinheiro. É um fato bem estabelecido pelos clássicos como o justamente festejado Celso Furtado, na Formação Econômica do Brasil.

No entanto, mesmo precisando de pouco dinheiro, ainda precisava de dinheiro. E na medida em que a economia cresceu no século XVII, as queixas de falta de moeda detonaram por toda a colônia.

A economia europeia se contraiu em forte recessão entre 1670 e 1680, o que não deixou de afetar o mercado do açúcar, o principal produto da Colônia. O fluxo de metais, ou seja, a entrada de ouro e principalmente de prata, da qual há indícios até aquele momento que fosse positiva, tornou-se negativa – saía mais que entrava. Isso porque os comerciantes portugueses, que traziam produtos europeus para vender aqui, e que antes compravam açúcar e fumo para revender na Europa, passaram a preferir levar moedas daqui – era mais seguro diante de um mercado instável. E, lembremos, não havia Casa da Moeda aqui. Moedas eram literalmente artigos de importação.

Aumentou a grita por moeda, na segunda metade do século XVI, em toda a Colônia.

O Levantamento não solucionou

Os reis podiam determinar que uma moeda fosse recarimbada e passasse a valer o valor nominal aumentado. Isso elevava como mágica a quantidade de moeda em circulação e, se o carimbo valesse só em um lugar específico, como a Colônia, haveria estímulo para manter a moeda no lugar. As Câmaras Municipais berraram por todas as últimas décadas do século XVII para que o Rei o fizesse. Algumas perderam a paciência de esperar e o fizeram por conta própria. O Rei acabou autorizando um levantamento de dez por cento, bem menor que o reivindicado.

O Levantamento só resolvia a curto prazo. Com o tempo os preços subiam e a moeda escasseava de novo.

O Cobre, moeda de pobre

A maior parte da população só via em toda sua vida as moedas de cobre. Faziam os pequenos pagamentos, os trocos e as esmolas. Também havia na Colônia grande falta delas, agravada pelo fato de que:

·         não se produzia cobre em Portugal; ele era importado da Alemanha e da Inglaterra (ver artigo sobre moedas de cobre no Reinado de Dom Pedro I, neste blogue);
·         o cobre tinha grande utilidade além de fazer moedas; numa época de navios de madeira corroídos por crustáceos, o cobre protegia os cascos dos navios; e os artefatos metálicos dos engenhos de açúcar, como os panelões, eram de cobre. A produção de açúcar se recuperou um pouco na década de 1690, o que gerou maior pressão ainda sobre o cobre para moedas.

Por que e como veio a moeda de 1699

Depois de muita pressão, o Rei Pedro II autorizou a cunhagem de moedas de ouro e prata na Colônia. Quanto ao cobre, nada disse. A maior circulação de moedas de maior valor puxou mais ainda a demanda por moedas de menor valor e a solução veio de que, entre 1693 e 1699 a Casa da Moeda do Porto cunhara moedas para Angola. Estas se revelaram muito mais que o necessário na colônia africana, e, pela Carta Régia de 10 de fevereiro de 1704 El-Rey as mandou circular no Brasil. Muito tempo depois um alvará de 1809 determinou um carimbo de um escudete nas moedas para duplicar seu valor, mas essa já é outra história.


Moedas falam, ou quase.




Lima, Fernando Carlos G. de Cerqueira. Uma Análise Crítica da Literatura Sobre a Oferta e a Circulação de Moeda Metálica no Brasil nos Séculos XVI e XVII. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ee/v35n1/v35n1a06.pdf>. Acesso em 03 fev. 2013.
Idem, ibidem.
Coelho, Rafael da Silva Coelho. Moeda e antigo sistema colonial no Brasil: final do século XVII. Disponível em <http://www.cihe.fflch.usp.br/sites/cihe.fflch.usp.br/files/Rafael_Silva_Coelho.pdf>. Acesso em 03 fev. 2013.
Serrano Neto, José. Moedas Brasileiras da Colônia. Disponível em <http://www.snb.org.br/boletins/pdf/54%20-%20Moedas%20Brasileiras%20da%20Col%C3%B4nia.pdf>. Acesso em 03 fev. 2013.
AMATO, Cláudio, et alii. Livro das Moedas do Brasil: 1643 até 2012. 13ª ed. São Paulo: ed. dos autores, 2012.432p. p218-219.